De acordo com pesquisa realizada pela consultoria Quaest, ex-ministro ganhou 196 mil seguidores no Instagram e outros 20 mil no Twitter; Bolsonaro acabou prejudicado por embate com ex-ministro da Justiça
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Com a demissão do Ministério da Justiça, a popularidade do ex-juiz
Sergio Moro nas redes sociais aumentou, de acordo com ranking da
consultoria de dados Quaest, que monitora o alcance digital de líderes
políticos. O resultado aproximou o ex-ministro do primeiro lugar,
ocupado pelo presidente Jair Bolsonaro desde que o levantamento foi
criado em janeiro de 2019.
A repercussão da saída de Moro acarretou uma perda inédita de
seguidores ao presidente, acostumado a ter saldos positivos diariamente.
Ao contrário, o ex-ministro da Justiça avançou em todas as suas redes.
Entre quinta e sexta, quando surgiram as notícias de que deixaria o
cargo, ele ganhou 196 mil novos seguidores no Instagram e quase 20 mil
no Twitter.
Segundo Felipe Nunes, CEO da Quaest e professor de
ciência política da Universidade Federal de Minas Gerais, Moro cresceu
em engajamento, mobilização, fama e interesse. Os acessos ao verbete do
ex-magistrado na Wikipédia são um exemplo. Foram 628 cliques na página
na quarta-feira (22), 9.200 na quinta e 71.050 na sexta, data em que a
demissão se confirmou.
O desempenho refletiu no Índice de
Popularidade Digital (IPD) da Quaest, que atribui uma pontuação de 0 a
100 a partir de dados do Twitter, Facebook, Instagram, Youtube,
Wikipedia e Google. O algoritmo leva em conta seis dimensões, que vão
desde audiência e engajamento até interesse e proporção de reações
positivas e negativas.
Ao anunciar sua saída do Ministério da
Justiça, Moro alcançou 52,1 pontos - frente a 30,7 no dia anterior -,
enquanto Bolsonaro registrou 75,8, abaixo dos 82,9 de quinta. A
diferença entre eles na sexta foi de 23,7 pontos.

A tendência de alta do ex-ministro e de queda do presidente continuou
no sábado (25), com uma aproximação ainda maior. Moro chegou a 55,3,
enquanto Bolsonaro caiu para 70,3 — uma diferença de 15 pontos.
A consultoria também monitorou o desempenho de nomes como o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o apresentador e
pré-candidato à presidência Luciano Huck (sem partido) e o ex-ministro
da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM), que ganhou protagonismo com a
pandemia do coronavírus.
A saída de Mandetta, no último dia 16,
resultou em uma situação similar à de Moro, conforme o levantamento. O
ex-ministro da Saúde elevou sua popularidade e chegou a ficar a apenas
10 pontos atrás de Bolsonaro. A pesquisa notou que sua queda coincide
com a ascensão de Moro, que concentrou a atenção da mídia.
"Moro
estava em um viés de baixa e começou a subir no início da semana
passada, chegando ao fim dela com seus indicadores mais altos na série
histórica", afirma Nunes. "Na média, Moro não tinha pontuação relevante
em nenhuma dimensão durante esta crise, exceto na de mobilização, que
compreende o total de compartilhamentos de conteúdos", acrescentou.
Para
o cientista político, as variações de Moro e Bolsonaro expõem uma
pulverização da rede de apoio de ambos, que deve implicar uma racha na
base política do presidente. Nunes acredita, no entanto, que o movimento
não é definitivo e que Bolsonaro pode se recuperar para as eleições de
2022.
"Se ele conseguir fazer um governo de entregas, com poucas
mortes na pandemia e com um plano de recuperação da economia, continua
competitivo", afirmou o analista.
Já no caso de Moro, ele crê que o ex-ministro pode se projetar como uma
alternativa anti-Bolsonaro e anti-Lula com o apoio da classe média.
Revista Época
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