Assisti
recentemente, acredito que pela 10ª vez, o filme A cura (2005). O filme é sobre
a história de Erik (Brad Renfro) que é alvo de preconceito por parte de seus
colegas de escola. Motivo? Ser vizinho de um garoto com AIDS. Apesar de
todos os problemas oriundos dessa situação, ele acaba se aproximando de seu
vizinho Dexter (Joseph Mazzello), que tem apenas 11 anos de idade, e contraiu
AIDS através de uma transfusão de sangue. Com a amizade cada vez intensa, um
dia, eles veem em uma revista que um médico de Nova Orleans descobriu a cura
para esta doença tão difícil. E eles vão atrás do tal médico para ter o menino
Dexter novamente saudável. A priori, o filme parece ser bobo. Dimensões da
existência humana, como amizade, lealdade, proteção, sinceridade, sensibilidade
são pontos fascinantes do filme.
Retornando para a realidade. A morte causa dor, perplexidade, desengano, revolta, aceitação, incerteza, reviravolta.
A morte acrescenta algo de novo no limiar da existência humana? Talvez não acrescente nada! A morte, por si só, é uma realidade cruel. Morrer parece ser ridículo.
Você finalmente conseguiu marcar a viagem tão desejada, combinou de almoçar com a esposa, o livro que levou anos para ficar pronto e agendou o lançamento, está fazendo o curso dos sonhos, foi nomeado recentemente e aguarda ansioso para receber o primeiro salário, uma agenda completa para a próxima semana, fazer aquela ligação amanhã, tomar o sorvete após o dia de trabalho, esperar o lançamento do filme predileto, lendo o livro que envolve do inicio ao fim e, de repente, abruptamente, no crepúsculo de um dia chuvoso, morre. Como assim? A caixa de e-mails ficou lotada, o livro envolvente ficou na melhor parte, a visita prometida naquela noite não seria realizado, o telefonema decisivo não seria mais ouvido, a inspiração para escrever uma nova poesia. Como assim?
A ideia da morte soa como um absurdo.
Tantos
anos dedicados aos estudos, caminhadas e exercícios físicos intensos,
sacrifícios financeiros realizados em prol daquela viagem de turismo,
madrugadas sem dormir para estudar e passar no concurso ou vestibular, exames
de proficiência para o mestrado/doutorado, a data do noivado com a pessoa dos
sonhos e tantas outras situações.
Repentinamente,
de uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na rodovia, num infarto
fulminante, num aneurisma, numa artéria entupida, numa bala perdida, num
latrocínio irracional, numa metástase, numa doença misteriosa, numa depressão
avalassadora.
Sair
da festa da existência de fininho, sem nenhuma despedida, sem ter conquistado a
garota dos sonhos, sem ouvir novamente a música preferida, sem reatar a antiga
amizade, sem pedir aquele perdão exaustivamente ensaiado, sem dizer as palavras
mágicas para quem tanto amou. Sem tantas outras coisas! Em casa, no varal,
ainda está pendurada a camisa vermelha predileta. A toalha meio umedecida ainda
está no encosto da cadeira na cozinha. Na escrivaninha da biblioteca está a
lista de compromissos da semana, ainda rabiscado, incompleto. Nas gavetas
alguns segredos que nunca serão revelados. Os outros ficarão com a incumbência
de apagar as pegadas que você deixou durante uma vida que terminou.
Parece
ser hilário! Justamente com você, que sempre insistiu em afirmar: eu cuido das
minhas coisas.
Talvez você não tenha tempo de tomar café, não concluirá a caminhada matinal, ou palavras não serão concluídas. O que dizer mais? Que você não bebe, não fuma que faz exercícios regularmente? A morte é a única certeza.
Realmente, a morte parece ser um grande absurdo!
Prof. MS. Luiz Carlos
NR: Temos o imenso prazer em ter o nobre Professor Luiz Carlos Rodrigues da Silva como colaborador no blog Barradocordanews!
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