Nesta última
sexta-feira, comemoramos 124 anos de um grito de “basta!” dado pela sociedade
brasileira. Um “basta” ao Estado autoritário, que não ouvia seus cidadãos, e
patrimonialista – ou seja, usado por uma pequena elite para aumentar seu
patrimônio pessoal. Esse grito não foi o começo, muito menos o fim, da luta
contra o Estado arcaico. Foi precedido de inúmeras revoltas por todo o Brasil,
como a Balaiada aqui no Maranhão. E, principalmente, foi sucedida de uma luta
constante para estabelecer uma máquina pública democrática – que atenda às
demandas da maioria da população – e republicana – que trate a todos os
integrantes da sociedade como iguais.
A queda da Monarquia
foi um avanço institucional importante, apesar da República ter nascido sob o
domínio de oligarquias regionais, pouco ou nada comprometidas com valores
autenticamente republicanos. Assim também foi em nosso estado, como narra
Barbosa de Godóis em sua História do Maranhão.
Essa luta, que já
dura mais de um século, segue sendo um capítulo a ser vencido em nosso estado.
A máquina governamental continua tomada por uma oligarquia, a mesma que domina
nosso estado por quase metade do período republicano. No ano que vem, mais uma
vez, eles enfrentarão o julgamento das urnas. O custo de seu domínio é bem
claro: a transposição de recursos que deveriam servir ao cidadão para a
manutenção do grupo no poder e para a sustentação de grupos empresariais
pertencentes à oligarquia.
O julgamento do próximo
ano abrangerá capítulos tristes da história maranhense, como os que vivemos nas
últimas semanas. Os tiros, disparados por uma facção criminosa contra um posto
da Polícia Militar no último fim de semana, matando o soldado Francinaldo Sousa
Pereira, compõem o terrível quadro dos quase 700 homicídios já ocorridos na
ilha de São Luís, somente este ano.
Números normais? Não,
no ano passado, São Luís já havia aparecido como a 7ª capital mais violenta do
país no Mapa da Violência, elaborado pelo Centro Brasileiro de Estudo
Latino-Americano. Obra do destino? Não, é resultado do Maranhão ter o menor
índice de policiais por habitante do país. E diante dessa grave situação, o que
decide o grupo que atualmente governa o Maranhão? Reduzir os recursos para
segurança pública na proposta orçamentária de 2014.
Tenho defendido que o
caminho correto é duplicar o efetivo policial de nosso estado, garantindo,
assim, segurança à nossa população e condições de trabalho dignas aos
policiais.
Mas a solução para a
violência não passa apenas por mais policiais. Para combatê-la, também é
preciso investir em educação, como forma de garantir opções concretas de vida a
nossos jovens, bem longe da criminalidade. Pois também nessa área, o grupo que
governa o Maranhão optou por um corte de R$ 23 milhões.
É chegada a hora de,
aqui no Maranhão, proclamarmos a nossa República e dar um “basta” a essas
situações. Quase 7 milhões de maranhenses não podem ficar submetidos aos caprichos
de uma pequena elite obcecada por apenas dois temas: a manutenção do poder para
além dos seus já 50 anos e a sobrevivência financeira de suas empresas.
Do lado de fora dos
planos oligárquicos, está a imensa maioria dos maranhenses, e por isso mesmo
está chegando a hora dessa imensa maioria ter o direito de decidir e trilhar um
novo caminho.
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