14 março, 2013

Monitoramento de preços de hotéis no Brasil deve continuar, defende Flávio Dino‏

Em entrevista ao Portal PANROTAS, o presidente da Embratur, Flávio Dino, disse que o programa de monitoramento dos preços de hospedagem e bilhetes aéreos não só vai continuar, como deve ser estendido a outros setores. “E não é um projeto da Embratur. Trata-se de uma demanda do governo, que quer conscientizar os empresários para a importância de precificar bem em momentos especiais e de grandes eventos. Melhor ganhar menos agora e mais no futuro a comprometer a imagem do País nos próximos anos”, disse.


Segundo Dino, o caso da Rio +20 foi um divisor de águas, onde houve erros da agência intermediária e abusos pontuais da hotelaria, mas ele revela que o que chamou a atenção da Embratur para o aumento das diárias foram os relatórios produzidos pelo Fohb. “Havia casos de aumentos três ou cinco vezes maiores que a inflação. O céu não pode ser o limite, por isso resolvemos monitorar e, quando acharmos que há abuso ou algum desvio, conversar com o setor, como em uma câmara setorial. Com negociação”, afirma.

A hotelaria, segundo ele, já tem problemas de demanda alta e oferta reduzida no dia a dia, em alguns mercados, e isso não pode se agravar nos eventos especiais. “Nunca critiquei os preços do carnaval ou do reveillon, pois o viajante tem opção para onde ir. Mas na Rio+20, na Copa, na Jornada da Juventude não... Os locais são pré-definidos e a captação contou com recursos do governo. Temos o dever de monitorar sim e conscientizar o empresário de que a exposição grande nesses eventos tem de ser positiva. Não teremos chance de procurar o viajante que deixou de vir à Copa ou à Rio+20 por conta dos preços e explicar o que aconteceu, dizer que há períodos mais baratos. É um turista perdido”.

Segundo Flávio Dino, ele ficou, durante a Olimpíada de Londres, em um hotel ao lado da London Eye, por US$ 250 a diária. “Onde a hotelaria brasileira tem custo mais alto que a de Londres? Pedi esse estudo aos hoteleiros e até hoje não recebi”. “Haver um aumento de preço na alta temporada é normal. Mas a alta demanda não dá o direito de o empresário cobrar o que quiser. No final de 2012 uma passagem para Fortaleza estava R$ 5 mil. Nas próximas férias, o viajante vai procurar a República Dominicana”, complementa.

Para Flávio Dino, o Brasil dará um salto qualitativo e quantitativo com esses grandes eventos se cobrar preços justos, se fizer bons eventos, o que inclui a qualificação dos produtos, e se fatores externos ajudarem, como a recuperação econômica da Europa, o fim da barreira de vistos com os Estados Unidos, e com da evolução dos visitantes latino-americanos. “Já estamos crescendo e em alguns setores, como o de eventos, crescemos 20% em 2012. Mas para aumentarmos a quantidade de turistas, precisamos de toda essa conjunção acima”.

 
SETOR AÉREO
 
O presidente da Embratur, Flávio Dino, em entrevista ao PANROTAS, esta manhã, na sede da editora, na capital paulista, revelou que entregou há duas semanas ao ministro Gastão Vieira seu projeto para que o governo brasileiro tome a iniciativa de conversar com os países sul-americanos para a criação de um mercado comum de aviação, como existe na União Européia há mais de uma década.

Pela proposta, empresas sul-americanas poderão operar voos domésticos no Brasil e as brasileiras nos outros países. “Precisa haver concorrência para que sejamos mais competitivos, será bom para o passageiro, que terá passagens mais baratas, para o desenvolvimento dos aeroportos regionais, para o recebimento de mais visitantes”, explicou ele.

Também consta do projeto que haja um teto tarifário para “evitar abusos quando houver aumento da demanda”. Mas o presidente da Embratur já sabe que a sugestão foi mal recebida pelas aéreas e pela área do governo que cuida da aviação (SAC e Anac, por exemplo). Sobre a participação de empresas estrangeiras no capital das nacionais, ele sugere um meio termo: nem os 20% atuais, nem os 49% que, segundo ele, encontram muita resistência em alguns interlocutores em Brasília.

É o início de uma intervenção direta do governo em questões comerciais do turismo? “Hoje a grande questão do turismo brasileiro é a competitividade. Queremos estimular a concorrência e acompanhar a evolução dos preços. Conscientizar o setor de que abusos de preços em momentos especiais como grandes eventos prejudicam a imagem do País no longo prazo. Nem cogitamos intervir com instrumentos legais. O que queremos conversar é com o setor, como em uma câmara setorial”, explica.
 
Fonte: Portal Panrotas (São Paulo)

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