10 março, 2011

Coluna do Luiz Carlos: Lutar Sempre em Tempos de Crise

Diante de injustiças crônicas, estruturas autoritárias, decomposição social, crise generalizada de valores, experimenta-se um doloroso sentimento de impotência. Há momentos em que a sociedade se defronta com imensas muralhas. Nestes momentos, sente-se anulada, maculada, ferida e denegrida. Vem o peso mefistofélico do desalento que a faz pensar que não adianta lutar. A partir daí, alguns, impedidos de reagir, refugiam-se na passividade. Outros, por ser mais cômodo, resolvem aderir ao sistema dominante e ampliam o aspecto da frustração da cambaleante sociedade. A força do contágio da impotência espalha rapidamente a nefasta inércia e, conseqüentemente, o povo desiste de cobrar o direito que lhe foi usurpado.

Apesar de tudo, é necessário reagir. Neste contexto, assumir ou absorver impotência é simplesmente suicídio. O que fazer? Para superar este espírito de impotência é fundamental suscitar inconformismo. A discordância crítica provoca fraturas no sistema que sufoca o potencial criador da sociedade. E, assim, as pessoas emergem da impotência e substituem a complacência conivente pela resistência destemida. Urge desaprisionar o surto criador que está cativo no subsolo humano. Precisamos compreender que a subjetividade individual e coletiva é barragem energética, e não espaço para o medo e a indiferença.

A realidade que faz transcender a inibição da impotência é a luta. Sociedade que não luta caminha inexoravelmente para a morte. A luta suscita uma revolução que destrói as estruturas corroídas pela injustiça e pela opressão. Um povo é identificado pela coragem e ousadia de sublevar-se em favor de causas justas e nobres. Não lutar é apressar a derrota.

É preciso mudar de perspectiva para manter o povo em estado de luta. O protagonismo cabe ao povo, e não aos governantes. O Estado deve colocar-se a serviço do povo. É hediondo sacrificar as necessidades da população para favorecer os interesses egoístas dos grupos dominantes, independentemente de suas matizes ideológicas.

Não podemos encolher e aceitar passivamente a subordinação. Precisamos erguer a bandeira da emancipação, e não aceitar a história da servidão.

Luiz Carlos Rodrigues da Silva. Filósofo e Historiador. Membro de Academia Barra-Cordense de Letras e da Arcádia Barra-Cordense.

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