“Estou preparado”, “Conheço os 217 municípios”, “Se estou liderando a Frente Ampla (de Oposição) é porque tenho capacidade”, “Tenho coragem de virar a chave”, “Não sou marionete de ninguém”. Tais afirmações são do senador Weverton Rocha (PDT), feitas ontem na condição de primeiro candidato ao Palácio dos Leões a ser sabatinado na programação do portal Imirante, iniciada ontem. Ao longo de 1 hora, tempo em que discorreu sobre quatro – cultura, saúde, administração e educação – dos dez temas colocados para sorteio, o candidato do PDT fez um esforçado malabarismo verbal para mostrar o seu preparo e divagar sobre o seu projeto de ser o grande opositor do ex-governador Flávio Dino (PSB), ao fazer críticas pouco consistentes ao seu governo e à continuidade comandada pelo governador Carlos Brandão (PSB), seu principal adversário na corrida às urnas. Em meio a respostas e explicações, Weverton Rocha declarou uma única vez, sem nenhuma ênfase, que “faço oposição ao presidente Jair Bolsonaro” (PL), sem ter feito qualquer menção crítica ao governo dele. Além disso, defendeu o chamado “orçamento secreto”, garantindo ser algo “normal”.
Ao iniciar sua abordagem sobre cultura, ele revelou que está inspirado no conceito de “maranhensidade” (formulado no Governo Jackson Lago (2007/2009) pelo poeta e compositor Joãozinho Ribeiro), sem, no entanto, deixar clara sua interpretação sobre tal identidade cultural. No mais, divagou sobre as diferenças culturais e regionais do Maranhão, argumentando que a cultura maranhense “vai muito além de São Luís”. Ao mesmo tempo, defendeu a necessidade de uma política em que a cultura esteja associada ao turismo, falando também de ações incentivando a produção audiovisual da cultura maranhense, mas sem oferecer argumentos que dessem sentido mais visível ao seu ideário cultural. Também falou muito em “diálogo” e na formação de “conselho”, para não tomar decisões sozinho.
Quando falou de saúde, fez de conta que o Maranhão é um estado sem uma política eficiente para a área. Suas respostas surpreenderam, à medida que nelas ele omitiu ostensivamente os grandes investimentos feitos no Governo Flávio Dino na área de saúde, também fazendo questão de ignorar que, por conta dessas ações, o Maranhão foi o estado que proporcionalmente registrou o menor número de óbitos na guerra contra o novo coronavírus. Para ele, o modelo de saúde é o Hospital do Amor, um centro de diagnóstico de câncer que conseguiu para Imperatriz e região. Quando perguntado sobre esquemas de corrupção com recursos da saúde em municípios de prefeitos aliados dele, denunciados pela revista Piauí, o senador minimizou a denúncia de desvios em Igarapé Grande, cujo prefeito é Erlânio Xavier (PDT), presidente da Famem e homem forte da sua campanha. Segundo ele, o hospital de Igarapé Grande produz oxigênio e o distribui para municípios da região, driblando a pergunta sobre a denúncia de corrupção.
O candidato do PDT começou sua abordagem sobre educação dizendo-se inspirado nos Cieps feitos pelo governador Leonel Brizola, nos anos 70, no Rio de Janeiro. Prometeu “preparar melhor” o quadro de professores, e criticou os índices de avanços na área no Governo Flávio Dino. Não disse uma palavra sobre a grande revolução educacional daquele Governo, com o programa Escola Digna, não disse uma palavra sobre os avanços na implantação da escola de tempo integral e pareceu desconhecer a existência dos Iemas.
Em ralação à administração pública, senador Weverton Rocha – que só ocupou dois cargos públicos: secretário de Juventude no Governo Jackson Lago e assessor do Ministério do Trabalho na gestão de Carlos Lupi, presidente nacional do PDT -, disse ficar à vontade com o tema por ter formação superior em Administração. Perguntado sobre como, se eleito, cuidará da máquina administrativa diante da escassez financeira agravada pela redução do ICMS dos combustíveis, ele usou a frase mágica usada por todos os candidatos: “Vamos reduzir os custos e gastar melhor”, sem dizer exatamente o que isso significa na prática. Já falando sobre equilíbrio fiscal, ele prometeu “zerar” o ICMS dos produtos da cesta básica.
No campo da política, o senador Weverton Rocha deixou um pouco a modéstia de lado quando se declarou líder da “Frente Ampla de Oposição” e se definiu como municipalista. Classificou de “desonesta” a iniciativa do governador Carlos Brandão ao pedir à Justiça a suspensão do pagamento de uma parcela (R$ 350 milhões) diante da perda de arrecadação do ICMS dos combustíveis. Além disso, criticou a linha de ação política do ex-governador Flávio Dino, demonstrando sua inconformação por não ter sido o escolhido para sucedê-lo.
Em Tempo: O senador Weverton Rocha foi entrevistado pelos bons e experientes jornalistas Carla Lima, âncora do programa, Gilberto Léda e Ronaldo Oliveira. Do RepórterTempo
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