Uma das inovações do governo Flávio Dino já começa a se delinear. É
a criação da Secretaria de Transparência e Controle do Governo do
Estado. Na última sexta (17), Dino indicou o advogado Rodrigo Lago para
conduzir a pasta.
Em entrevista, Rodrigo Lago
falou sobre as metas da nova secretaria que será criada a partir de
cargos que serão remanejados. Em pronunciamento nas redes sociais, Dino
afirmou que não será criado nenhum novo cargo em comissão para conduzir a
pasta.
Muitos têm dito que criação de uma
secretaria de Transparência e Controle Interno sinaliza em que sentido
caminhará o próximo Governo. Qual será o norte dessa nova pasta?
Durante
a campanha, o governador eleito Flávio Dino prometeu mudar as práticas
administrativas no Maranhão. A criação da Secretaria de Transparência e
Controle foi uma de suas principais promessas. Agora, eleito, o
governador sinaliza pela concretização da promessa. Buscarei garantir a
transparência nos gastos públicos, de forma que o cidadão saiba
exatamente onde está sendo gasto cada centavo da receita pública. Quando
o cidadão sabe o destino do dinheiro público, pode cobrar seus
governantes, apresentar críticas e sugestões e, principalmente,
apresentar denúncias de desvio de condutas. A missão é ousada, mas o que
se pretende é inibir efetivamente a corrupção administrativa.
E qual será exatamente a função desta pasta, que é uma inovação no Estado?
Há
duas linhas de atuação que convergem para a mesma finalidade, que é
garantir a eficaz aplicação dos recursos públicos. A primeira direção é
implementar efetivamente o Portal da Transparência e o acesso à
informação no âmbito do Poder Executivo do Maranhão. Atualmente, o que
se tem é um portal nada transparente, no qual muitos gastos sequer são
inseridos ou inseridos de forma deficiente, tornando difícil, senão
impossível, o controle popular das finanças estatais. Na outra vertente,
a Secretaria buscará integrar os órgãos de controle interno do Estado e
também promoverá a interlocução destes com outros órgãos do Governo e
do controle externo. O que ocorre hoje é que muitas vezes as auditorias
têm que ser feitas sem que se garanta a necessária estrutura aos
auditores. Pior que isso, quando são concluídas as auditorias internas,
os relatórios são encaminhados de forma aleatória para outros órgãos
estatais, como o Tribunal de Contas do Estado e o Ministério Público,
sem que haja um efetivo acompanhamento das consequências da apuração. É
preciso que a Administração Pública, refiro-me aos seus gestores, saiba
onde ocorreu erros administrativos ou desvios de condutas, para que
busque a prevenção no futuro.
Essa
espécie de “auditoria” se limitará ao governo estadual? E será feita
apenas nos contratos firmados a partir de 2015 ou abrange também os
anteriores?
A Secretaria de
Transparência e Controle será um órgão estadual, que buscará garantir
transparência e ampliar controle interno na aplicação dos recursos
estaduais. Portanto, o limite será quanto aos gastos feitos com recursos
estaduais. Assim, sempre que houver a aplicação de recursos estaduais,
estarão atuando os órgãos de controle interno do Estado. Nesse controle
entrarão os gastos diretos, que são aqueles realizados diretamente pelo
Governo do Maranhão, mas também aqueles decorrentes de transferências
voluntárias aos municípios, os conhecidos convênios municipais. O objeto
do controle interno não se limitará a auditar o passado ou a controlar o
futuro. Trata-se de uma Secretaria perene, definitiva, que coordenadora
o controle interno quanto aos gastos já realizados, mas também aos que
ainda serão efetivados.
Na sua avaliação
preliminar, a partir de sua atuação jurídica que sempre se pautou pela
probidade, o próximo Governador encontrará dificuldades com contratos já
estabelecidos?
Toda mudança exige certa
dose de cautelar e prudência. O Governo Flávio Dino assumirá um Estado
com muitos contratos em curso, muitas obrigações já assumidas e muitos
órgãos criados. Não se pode empreender uma mudança impactante que
resulte na interrupção dos serviços públicos essenciais. Caberá a cada
novo secretário, com o auxílio dos órgãos de controle interno e da
própria Secretaria de Transparência e Controle, apurar no âmbito de suas
pastas quais os contratos em vigor, verificando a forma de contratação e
a economicidade para o Estado. Essa postura será essencial para que se
faça a aplicação dos princípios republicanos, sem prejuízo ao cidadão
que busca ser atendido pelo Estado desde sempre. Na fase inicial até se
pode cogitar alguma dificuldade, pois o serviço público não pode parar.
Entretanto, aqueles que se beneficiarem de contratos ilícitos, com
superfaturamento, acabarão sendo alcançados pelo controle interno e
terão que ressarcir o erário os prejuízos que tenham causado.
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