
Foto: Divulgação
Neiva Moreira
SÃO LUÍS – Morreu na madrugada desta quinta-feira (10), por volta de
1h, o jornalista e ex-deputado federal, Neiva Moreira. Ele deu entrada
no Hospital UDI, na noite do dia 30 de março, com uma infecção
respiratória. O quadro de saúde era grave segundo informações da
assessoria do hospital. l.
História
José
Guimarães Neiva Moreira nasceu em Nova Iorque, no dia 10 de outubro de
1917. Órfão de pai aos seis anos, quando a família já se mudou para
Barão de Grajaú, ele fez o primário naquela cidade e iniciou o
curso ginasial em Floriano, continuando-o no Liceu Piauiense, de
Teresina, e no Liceu Maranhense, de São Luís.
Ao
se transferir para São Luís, foi acolhido por Nascimento Moraes, que
lhe propiciou moradia e lhe deu apoio no jornal Pacotilha. No início de
1942, Neiva Moreira viajou para o Rio de Janeiro, decidido a atuar na
grande imprensa nacional, o que de fato conseguiu. Após trabalhar, como
repórter free lance, no Diário de Notícias, ingressou nos Diários Associados, onde pertenceu aos quadros do Diário da Noite, d’O Jornal e da revista O Cruzeiro,
fazendo a carreira de repórter político, destacado para diversas
missões no Brasil e no exterior. Ainda no Rio de Janeiro colaborou em A Vanguarda, O Semanário, e fundou O Panfleto.
Em abril de 1950, ele voltou para São Luís e fundou e dirigiu o Jornal do Povo,
do qual se tornou proprietário em outubro de 1952. Nesse mesmo ano de
1950, Neiva Moreira foi eleito deputado estadual, com votação
consagradora, notadamente do eleitorado da capital, iniciou uma carreira
que lhe conferiu, a contar de 1954, três mandatos consecutivos de
deputado federal. Por sua atuação em diversas comissões, na liderança da
Minoria, na Frente Parlamentar Nacionalista e na Mesa da Câmara, Neiva
Moreira projetou-se como um dos mais combativos parlamentares
brasileiros. Além disso, ele desempenhou papel fundamental na
transferência da Câmara dos Deputados para Brasília.
Período militar
Cassado
e preso em 1964, Neiva Moreira foi, inesperadamente, posto em
liberdade, por decisão de um chefe militar. Em seguida, asilou-se na
Embaixada da Bolívia, de onde, protegido por salvo-conduto diplomático,
viajou para La Paz, iniciando um exílio de 15 anos, que o levou a
residir no Uruguai, na Argentina, no Peru e no México. Em todos esses
países, que ia deixando compelido pelo autoritarismo das ditaduras
militares triunfantes, teve destacada participação na imprensa. Esteve,
em missões jornalísticas, na Europa, na África e no Oriente Médio,
oportunidades em que conheceu e entrevistou numerosos líderes políticos,
e em que assistiu às festas de independência de Moçambique e de Angola.
Na Argentina (setembro de 1974), fez circular o primeiro número da revista Tercer Mundo, reintitulada Cuadernos del Tercer Mundo
a partir do Nº 10 (publicado em julho de 1977, no México), e que até
hoje mantém em circulação, com o título em português, sendo o mais
antigo periódico brasileiro consagrado à causa dos povos pobres e
excluídos.
Com o advento da
anistia, retornou ao Brasil, fazendo seu reencontro com a pátria pelo
Maranhão. De volta à política, filiou-se ao PDT - Partido Democrático
Trabalhista, de cuja organização nacional e regional (no Maranhão)
participou ativamente. Ele não foi eleito deputado federal em 1982, nem
senador em 1986. Ainda assim, candidatou-se a deputado federal em 1990,
conquistando uma suplência que lhe permitiu voltar à Câmara Federal, por
algum tempo. Novamente candidato em 1990, obteve a primeira suplência
da coligação PDT-PT e assumiu, como titular, o mandato de deputado
federal em fevereiro de 1997.
Neiva Moreira, ainda, foi eleito deputado federal em outubro de 1998, com votação muito expressiva.
Produção intelectual
Grande parte da produção de Neiva Moreira se encontra nos periódicos nos quais trabalhou. Ele publicou: Fronteiras do mundo livre, em 1949; O Exército e a crise brasileira, em 1968; Modelo peruano, em 1973 (este livro foi reeditado em diversos países); Brasília, hora zero, em 1988 (depoimento sobre a transferência da Capital Federal para Brasília, trabalho em que o autor exerceu decisivo papel).
Imirante
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