Sinceramente, nesse processo eleitoral
nada foi mais chato do que a aparição da presidente eleita com seu pedido de
diálogo. Logo ela, rainha de todos os ataques contra seus concorrentes. No
mínimo, soou meio deboche aos derrotados ou cinismo de sua parte. Sua expressão
assemelhava-se à de uma adúltera ao lado do amante e do marido, com juras de
amor ao esposo.
Sobre o processo, alguns pontos merecem
destaque.
O resultado de uma eleição, desde que
não tenha acusação de fraude, deve ser respeitado e ponto-final. Quem perde tem
todo direito de chorar, espernear, mas no campo apenas das ideias. Partir para
preconceitos tolos é só por burrice, estupidez ou ignorância, que são doenças
incuráveis, por enquanto.
Grande parte desse preconceito veio de
São Paulo. Logo esse estado que elege há 24 anos o partido derrotado na esfera
federal que, neste exato momento dos protestos, tem uma população sem água e
apresenta índice crescente de criminalidade por 16 meses consecutivos.
Criticar os nordestinos por votarem
pela barriga é outra demonstração de ignorância absoluta, pois as bolsas são
distribuídas no Brasil de ponta a ponta e os pobres de todos os estados são
beneficiados, inclusive naqueles administrados pelo Partido da Social
Democracia Brasileira – PSDB.
Todo segmento social defende o governo
que é melhor para ele. Para quem recebe auxílio, parece óbvio ululante que a
escolha seja por quem concede e não sobre aqueles que deixaram as pessoas
necessitarem. Grave é só não ter políticas de inclusão social e de distribuição
de renda eficientes que permitam a saída dessa condição de dependência
financeira.
Ademais, a crítica mais forte poderia
recair sobre o ex e futuro presidente Lula, pois, existem gravações dele na
internet criticando a concessão de bolsas. Caso tenha mudado de opinião,
deveria deixar claro que suas críticas eram apenas mais uma das jogadas de
marketing no vale-tudo pela eleição.
Esse tudo-pode para vencer foi
sedimentado pelo Partido dos Trabalhadores – PT. Depois de ser vítima da
história da filha fora do casamento em 1989, Lula e seus companheiros passaram
a utilizar qualquer ataque para vencer os pleitos. O limite é vencer as
eleições. Nesta, Marina Silva está como prova do que eles são capazes.
Moeram-na! E agora se fazem de vítimas ou de bonzinhos.
Outra história que precisa mudar o
recorrente discurso fascista de culpar a imprensa pelos atos de corrupção que
seus homens de confiança praticam. A pergunta é: a imprensa publicar em
"momentos inadequados" – se é isso que acham – ou a roubalheira? Quem
está no governo federal há 12 anos deveria apontar por que alguém está impune,
quando deveria ser punido. Se um culpado deveria ser punido e não foi, é porque
as instituições não estão bem aparelhadas, ou por negligência ou má-fé de seus
agentes. Qualquer desses motivos precisa ser apontado e as responsabilidades
apuradas.
As pessoas aprendem a atacar para se
defender. “Quem com ferro fere”...
Só que cada um responde pelos seus
atos. Nenhum prédio deve ser atacado como compensação ao vandalismo praticado
contra o edifício da editora Abril. Nesse princípio se pode confiar, na
proposta de diálogo da presidente, fica a critério de cada um.
Obs.: Alternância de poder só é
defendida por quem está fora dele. Ninguém viverá o suficiente para presenciar
um partido ceder lugar a outro pelo bem da alternância.
Pedro Cardoso da
Costa – Interlagos/SP
Bacharel em direito
"NÃO
HÁ DEMOCRACIA ONDE O VOTO É OBRIGATÓRIO"
Pedro Cardoso da Costa é colaborador do Barradocordanews.com
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