Talvez
seja característica humana não reconhecer o mérito do outro. No Brasil isso
parece ser mais forte; na política deve ser regra, tanto que nas campanhas
vence quem consegue que uma pecha grude no outro. Essa cultura do
desmerecimento fica mais acentuada entre as malfeitorias petistas e psdbistas.
Quem
se alinha ao Partido dos Trabalhadores defende a impunidade dos corruptos da
agremiação sob a justificativa de que no período do PSDB também havia as mesmas
práticas. O pressuposto deveria ser inverso, já que o Partido ocupou o lugar
por rejeição da sociedade ao modelo anterior.
Ao
contrário dessa visão, sempre defendi a ideia de que ninguém elege
representante para corromper ou ser corrompido.
O
escândalo do Petrolão agora traz uma certeza ao povo brasileiro, pelo menos aos
que reprovam a corrupção de qualquer partido, de que a corrupção parece fazer
parte da genética da administração pública brasileira. Ela é generalizada de
baixo para cima, em todas as instituições e em todos os cantos do Brasil. E só
aparece gente contrária depois que os fatos são divulgados na mídia, ou são
denunciados pelo Ministério Público ou pela Polícia Federal. Os demais órgãos
são figurativos.
Depois
da deflagração do Petrolão, a presidente Dilma Rousseff quer fazer exame de DNA
para provar que é a mãe punitiva. Os corruptos – antes chamados de Paulinho,
Yussefinho, Duquinho – amigos de estarem nos casamentos dos filhos, passam a
ser bandidos e, por isso, nada do que dizem merece credibilidade. Não ficam
corados de lembrar que foram seus apadrinhados até serem pilhados, que foram
escolhidos por eles, pelos destaque – e que destaque! – competência e confiança
que mereciam.
Esses
filhotes da corrupção não têm pai. Ninguém os indicou. Seria bom que o endereço
da Petrobras fosse divulgado. Parece que é só adentrar e assumir uma diretoria.
Não
se sabe desde quando a corrupção corre solta na Petrobras sem uma voz
dissonante durante todo esse tempo. Nem houve sequer uma ressalva como a de um
ex-diretor do Banco do Brasil a um ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso ao
alertá-lo de terem alcançado o limite da irresponsabilidade.
De
peculiar nesse caso só o fato da atual presidente da empresa, Graça Foster,
assumir que sabia do propinoduto e não fizera nada; assim como a presidente da
República ainda não fez nadinha de nada, a não ser o que sabe fazer: falar.
Além disso, a quantidade de delações comprova que as prisões dos corruptos do
“Mensalão” retiraram a certeza da impunidade.
Praticamente
todas as grandes empreiteiras estão sob suspeição de envolvimento neste
escândalo e, por isso, não será possível a punição de todas elas, pois não
haveria outras capazes de tocar as grandes obras públicas.
Como
medida concreta, vão gastar milhões com terceirizadas para auxiliarem na
recuperação do dinheiro que deixaram ir pelo ralo. E carimbam que corrupção é
inerente à empresa quando se pretende criar uma gerência anticorrupção.
Corromper
e ser corrompido são institucionalizados como um sistema de gestão. Envolve
toda a cadeia sem risco e sem entraves para ninguém, com regras, atores e
papéis bem definidos. Não é exclusividade do setor público, mas é esse o que
interessa.
Todos
precisam encarar a corrupção como suprapartidária e não dar trégua. E, como a
morte, mesmo sabendo que nunca será vencida todos devem combatê-la. Por
enquanto fica para a história a indiscutível paternidade do PT a troca do
símbolo da Petrobras de maior empresa do Brasil para a mais corrupta do mundo.
Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bacharel em direito
Pedro Cardoso da Costa é colaborador do Barradocordanews.com
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