23 janeiro, 2011

Coluna do Álvaro Braga: O POETA MARANHÃO SOBRINHO

Maranhão Sobrinho



Por Álvaro Braga

Um dos maiores poetas brasileiros de sua época e grande representante do Simbolismo, é barra-cordense. Trata-se do poeta Maranhão Sobrinho, nascido José Américo Augusto Olímpio Cavalcante dos Albuquerques Maranhão Sobrinho, nascido em Barra do Corda a 30 de dezembro de 1879 e falecido em Manaus no dia 25 de dezembro de 1915. Cedo ainda foi enviado para São Luis por seus familiares para que se libertasse da vida desregrada em que vivia. Não adiantou muito. A sua veia poética, o levou para Belem do Pará e depois para o estado do Amazonas onde viveu seus últimos dias, tendo falecido aos 36 anos. Sua Obra poética se resume a Papéis Velhos... Roídos pela Traça do Símbolo (1908);Estatuetas (1909); Vitórias-Régias (1911).
Sobre ele escreveu Antônio Miranda: "Mas se ele era essa espécie de romântico trágico na vida pessoal, sua poesia está em outro patamar. Simbolista ortodoxo, foi um visionário capaz de construir imagens perturbadoras em versos admiravelmente bem urdidos, sensualmente mórbidos, onde por trás de cada palavra flutua, não muito distante, a imensa sombra de um amargo pessimismo com o mundo e com as pessoas".
O nosso poeta já foi nome de um respeitado clube que ruiu em 1967, o Maranhão Sobrinho, e atualmente empresta seu nome à Academia Barra-Cordense de Letras que leva o subtítulo: A casa de Maranhão Sobrinho, e tambem à praça Maranhão Sobrinho, pois lá nasceu em uma casa situada na esquina da rua Gonçalves Dias com a Luis Domingues.
De seu livro Estatuetas colhemos esta preciosidade para deleite de todos que apreciam a obra de nosso grande poeta.

Tela do Norte

No estirão, percutindo os chifres, a boiada

monótona desliza; ondulando, a poeira,

em fulvas espirais, cobre toda a chapada

em cujos poentes o sol põe uns tons de fogueira.

Baba de sede e muge a leva; triturada

sob as patas dos bois a relva toda cheira!

Boiando, corta o ar a mórbida toada

do guia que, de pé, palmilha à cabeceira...

Nos flancos da boiada, aos recurvos galões

as éguas, vão tocando a reses fugitivas

o vaqueiros, com o sol nas pontas dos ferrões...

E, do gado o tropel, com as asas derreadas

quase riscando o chão, que o sol calcina, esquivas,

arrancam coleando as emas assustadas...

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