09 janeiro, 2011

Coluna do Álvaro Braga: ALCOOLISMO

O grande amigo e historiador Álvaro Braga, estréia sua coluna no Barradocordanews onde aos domingos, estará contribuindo com seus valiosos artigos. Seja bem vindo companheiro!






A PRAGA DO ALCOOLISMO


* Álvaro Braga

Afinal, alcoolismo é vício ou doença? Me arriscaria a dizer que são as duas coisas.

Ao ver esse rapaz da foto, com menos de vinte anos, estendido no chão de um bar da Altamira, no dia de Natal, pensei em abordar este tema, não para criticar, mas para deixar elementos para um debate e para uma reflexão íntima, sobre o mal que estamos fazendo a nós mesmos, quando ingerimos bebida alcoólica.
Quando mergulhamos no vício da bebida, na verdade estamos abreviando a vida que o Criador nos deu, e deixando de realizar tanta coisa boa!...
De modo simplista poderemos dizer que cada um faz o que quer da própria vida, certo? Errado. Aquele jovem, caído, poderia representar a figura de um filho, de um amigo, a quem jamais desejaríamos ver em semelhante situação. É dever de todos tentar mudar esse quadro alarmante, onde jovens estão se viciando sim, com amigos na balada, aos bandos, cada um com uma garrafa na mão, coisa impensável há algumas décadas, onde a educação paterna era mais rígida.
Um médico me disse que não existe a distinção entre viciados em bebida alcoólica e os que bebem socialmente. Na realidade, afirma o profissional, todos são viciados. O que diferencia um viciado do outro é que existe a gradação, ou seja, o nível de consumo. Existe o que é viciado em bebida todos os dias, e existe o viciado alcoólico que bebe em todos os finais de semana, e existe o viciado em beber uma vez por mês. Na verdade, todos estes exemplos tem o alcoolismo como doença e podem ser chamados também de alcoolistas.
Uma vez assisti o pastor R.R. Soares dizer que o alcoólatra tem uma característica especial e até engraçada: Acha ele que é um sábio e que todos os outros são bobos!
Trabalhava em Imperatriz, em 2003, e um dia um colega de trabalho me chamou para conhecer um barzinho da moda, de um senhor que, vindo do Rio Grande do Norte, fez fama e dinheiro vendendo cachaça com as misturas mais excêntricas e mirabolantes que já vi na vida. Era uma coisa altamente criativa e beirava o surreal.
O seu bar ficava perto do estádio Frei Epifânio da Abadia, na rua Sousa Lima e Simplício Moreira, no centro da cidade, por trás da Câmara Municipal. Lá existiam, afixadas nas paredes, frases de efeito como: Se bebe para esquecer pague antes de beber – Fiado só amanhã – Só vendemos fiado para maiores de 99 anos acompanhado dos pais. Achei o máximo tanta criatividade.
Fez tanto sucesso, que não é que o homem um dia apareceu no Me Leva Brasil, quadro do Maurício Kubrusly, no Fantástico, da Rede Globo?
Chegando lá pude ver a variedade de pingas de todos os tipos. Lá havia, cachaça com cajá, cachaça com sapoti, com mastruz, com bacuri, com cupuaçu, com seriguela, com graviola, com maracujá, com côco, com mel de abelha e capim limão, cachaça com jenipapo, cachaça com carambola, com catuaba, com erva-cidreira, com jatobá (imagine a gororoba), com pega-pinto e quebra-pedra (estas medicinais), com imbiriba e jurubeba, com menta, hortelã, e com tamarindo. Um espanto.
Não faltava o tradicional tira-gosto de limãozinho cortado com sal, ou carambola com limão a gosto do freguês. O barzinho era frequentadíssimo, sempre cheio de carros, motos, a galera jovem. Moças e rapazes universitários, casais de namorados de todas as idades.
E a grande especialidade do potiguar, era receitar cachaça para qualquer doença. Lembro que o Kubrusly tirou o maior sarro da cara do sujeito. Ele tinha na ponta da língua o tipo de cachaça para todas as patologias que lhes apresentassem.
Fui ao point famoso com os amigos, pela curiosidade, já que não gosto de bebidas alcoólicas. De cara perguntei ao dono-maitre-garçon-porteiro: - O senhor tem aí uma cachaça misturada com frutas ou raízes que combata o alcoolismo? Devo dizer que o homem ficou pálido. Eu insisti e reforcei: - Sim, que combata o alcoolismo, pois o alcoolismo é uma doença. Tem alguma pinga contra o alcoolismo? Ele, visivelmente contrariado, respondeu: - Ah! Essa eu não tenho não, vice! Ô xente! É a primeira vez que me apresentam uma doença que eu não tenho a cura! Sorri pela derrota que imputei ao homem da cachaça. Ele ficou uma arara!
Seu barzinho acabou quando ele resolveu voltar à terra natal, mas deixou saudades na população imperatrizense.
A mensagem que este bar deixou, para mim, além do glamour, foi que uns amigos, ali se viciaram na bebida e no atrativo das frutas. Dois deles largaram o estudo universitário, e hoje vivem de subemprego, sem que tenham ânimo de tentar retomar os estudos. Faltam-lhes força de vontade. A bebida, que é consumida “todos os dias” retirou-lhes o brilho da vida. Passados sete anos, os vi recentemente. Estão velhos, com apenas vinte e seis anos. Suas rotinas nas noites se constituem em participar de bebedeiras, festas, farras, para depois caírem pela sarjeta da antiga boite Fly-Beck, Cais Bar e região das peixarias na beira-rio Tocantins, nas madrugadas de Imperatriz.
Uma boa dica para quem tem vontade de deixar o “vício da embriaguez”, aqui na Barra, é procurar o A.A. – Alcoólicos Anônimos, em funcionamento desde 1997, que estará pronto a lhe ajudar a mudar de vida e se tornar um ser humano bem melhor,
Eis a dica: Centro Catequético da Paróquia, na rua Gerôncio Falcão, esquina com rua Cel. José Nava - s/n – Centro de Barra do Corda, onde funciona o A.A. – Alcoólicos Anônimos, que tem no Grupo Liberação de Alcoólicos Anônimos reuniões às terças e quintas-feira, às 19:00 horas e aos domingos às 9:00 horas. Os lemas do A.A. são:
- “EVITE O PRIMEIRO GOLE”.
- “SE QUER BEBER O PROBLEMA É SEU. SE QUER PARAR DE BEBER O PROBLEMA É NOSSO”.

* Álvaro Braga, historiador, mora em Barra do Corda e é membro da Arcadia Barracordense.

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