16 janeiro, 2011

Coluna do Álvaro Braga: O PACTO

Por Álvaro Braga

Corria o ano de 1930 em Barra do Corda. Em certa noite, estavam reunidos três amigos inseparáveis, que não possuíam vícios: Hamilton Nava (pai de Milton Nava), Olímpio Ribeiro Fialho (pai de Ruben Fialho) e Eurico Euclides Arruda (pai de Zé Arruda).

Costumavam reunir-se à noite em casa de amigos na antiga e gramada rua Formosa, hoje rua Frederico Figueira, para conversarem, contarem histórias, à luz da lua, quase sempre tomarem um café com bolo, feitos por dona Chicuta, Antônia Negreiros ou pela dona Morena, como era de praxe naqueles tempos românticos em que a cidade não tinha calçamento, rádio nem luz elétrica.

Já tarde da noite, Olímpio Fialho comentou: Amigos, vamos fazer um pacto? Hamilton Nava e Eurico Euclides se entreolharam, sem entender a pergunta, e indagaram ao mesmo tempo o teor de tal pacto. Olímpio então falou: - Olha, meus amigos, nós somos pessoas esclarecidas e temos um bom discernimento sobre o mundo e a vida. Eu sugiro que, quem for primeiro para o outro mundo, que venha avisar aos outros. Vamos jurar? Não é preciso dizer que mais uma vez os outros dois se olharam espantados, mas mesmo assim resolveram jurar solenemente, com uma mão sobre a outra.

Um dia, em 1931, correu a notícia da morte de Hamilton Nava. Os dois amigos restantes esperaram apreensivos por muitos dias alguma comunicação ou aparição. Tudo em vão, pois a alma de Hamilton Nava não deu o ar de sua graça. Não veio.

Anos depois falece Eurico Euclides Arruda. Esse veio. Apareceu a Olímpio Fialho e falou o seguinte:

“– Olímpio, a morte é como uma onça. Não é tão feia como se pinta. Aqui rapaz, é muito melhor do que aí. Por que? Aqui não se fica pensando no que vai comer amanhã, não há preocupações. Tanta coisa que tem significado aí, aqui não tem a menor importância. Aqui não é necessário conhecer nada, o que vale é o espírito e a pureza de cada um. Conhece-te a ti mesmo meu amigo! E não transmite prá ninguém o que não és!”

Se esvaiu em uma névoa e partiu do mesmo modo em que surgiu.

Olímpio Fialho, ainda trêmulo pela visão metapsíquica, foi contar à sua mulher: - Anízia, sabes o que acabou de acontecer? O Eurico apareceu!

Como moral da história podemos tirar a seguinte conclusão: A cada um segundo as suas obras!

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