18 janeiro, 2012

Crack: Realidade de um viciado



As ações da Polícia Militar na maior cidade de nosso país buscam dispersar os moradores de rua com objetivo de evitar novas áreas livres para consumo e venda da droga. Os usuários costumam migrar de regiões e invadem casas abandonadas ou ocupam espaço público de pouca circulação. Junto aos usuários permanecem a todo tempo os traficantes, vendendo o que podem a todo momento, pois a droga consume tudo o que a pessoa tem, como explícito na letra da música Depoimento de um Viciado, da banda de rap Realidade Cruel:
“Só a morte pode me libertar
Eu roubava pra sobreviver, ou melhor,

Pra manter o vício e não morrer, que dó.”
A droga é produzida a partir da extração de uma substância alcalóide de uma planta que pode ser encontrada na América Central e América do Sul, a Erythroxylon coca. O alcalóide é o benzoilmetilecgonina que dá origem ao o sulfato da cocaína, pasta popularmente conhecida como crack (ou craque) que chega a ser cinco vezes mais potente que a cocaína.
A droga trás grandes prejuízos para a saúde do usuário, começando pelos danos ao cérebro que podem levar a problemas cardiovasculares ou até mesmo o infarto. Tem-se que a dopamina liberada durante o uso da substância deixa o usuário agitado, com aumento de adrenalina no organismo que como consequência aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial.
“O vício tira a calma, a cabreragem me acelera.
O demônio rouba a alma, o inferno me seqüestra.”
Os pulmões são enfraquecidos ao máximo com a pesada fumaça constante, gerando disfunções e lesões que os deixam expostos a doenças como pneumonia e tuberculose, além de problemas cardiovasculares agudos como tosse, falta de ar e dores fortes no peito. Muito comum é o risco da contaminação pelo metal usado para substituir o cachimbo: normalmente são usadas latas de alumínio de refrigerantes, cervejas ou sucos, fáceis de encontrar pelas ruas da cidade e que geram até lucro para os “catadores de latas”. O aquecimento da lata desprende o alumínio com facilidade e se espalha pela corrente sanguínea provocando danos em todos os órgãos.
“Chegar, ao ponto que eu cheguei é lamentável.
Estado físico inacreditável.

Eu sinto crise, eu sinto convulsão,

É muito triste o meu estado sangue bom.

30 quilos mais magro, vai vendo,

O resultado é pura essência do veneno.”
O uso crônico pode levar a um praticamente irreversível quadro de degeneração dos músculos esqueléticos, chamado rabdomiólise: o organismo passa a funcionar em função da droga, tirando o sono e o apetite do usuário, levando até a desnutrição. Hábitos básicos de higiene e cuidados com a aparência também são visíveis nos usuários, assim como vemos na Cracolândia, nas ruas da capital de nosso estado.
“Eu preferia estar falando de amor,
Falando das crianças e não da minha dor,

Mas eu sou o espelho da agonia de um homem,

Sem identidade, caráter, sem nome.”
Outros sintomas da droga: oscilação do humor, perda de memória, baixo limite para frustração, dificuldade de ter relacionamentos afetivos, diminuição do desejo sexual. Quadro psiquiátrico também aparece, como psicoses, paranóia, alucinações e delírios. A pessoa acaba por se excluir socialmente, o que acarreta em perdas sem iguais, principalmente porque o tempo de vida jamais alguém poderá alterar ou voltar atrás. O momento presente não é aproveitado junto aos familiares, amigos e oportunidades que a existência oferece e o viciado acaba por não construir nada durante a vida: não conquista nem diplomas, nem conhecimento e nem encontra o amor, vagando sozinho em um universo de caos.
“Morava com a minha mãe,
me lembro da minha mina feliz:

Cheirava comigo sem parar

2 loucos 24 horas no ar.

Parei com estudo, perdi até o trampo,

Ganhei o mundo e uma desilusão e tanto.

Perdi a minha própria mãe, que trauma!

Morreu de desgosto por minha causa.”
Por fim, a morte pode chegar para eliminar a angústia, seja por doenças, como as cardiovasculares (derrames e enfarte) e as relacionadas ao enfraquecimento (tuberculose), ou pela violência do trafico e de acidentes que os usuários se expõem.
Na música Depoimento de um Viciado, a banda Realidade Cruel passa uma mensagem de prevenção, para que as pessoas não entrem em contato com a droga, pois nesse caso a prevenção é quase sempre o único remédio, já que a cura é quase impossível.
“Espero que a minha história sirva de exemplo,
Pra quem tá começando, parceiro como eu comecei,

Que se afaste das drogas enquanto é tempo,

Pra não provar do veneno que eu provei.

É embaçado sangue bom, vai por mim

Tudo nesta vida tem um fim.

São 2 da manhã, faz chuva

Eu vou orar pela minha alma e pela sua

É madrugada faz chuva

Eu vou orar pela minha alma e pela sua…”

Fonte: Sintonia Universitária

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