A solidariedade é uma dimensão axiológica que sempre acompanhou a humanidade. A humanidade em tempos de pós-modernidade precisa experimentar com mais intensidade a necessidade do espírito solidário. A partir de uma perícope filosófica, podemos identificar diversos tipos e graus de solidariedade. É de extrema importância redimensionar criticamente o conteúdo da solidariedade. O renomado sociólogo francês Rosanvallon faz um apelo para que possamos “refundar” a solidariedade na hodiernidade
Um dos tipos de solidariedade é a psicológica. Ela apresenta uma tonalidade de caráter compassivo. Encoraja as pessoas que sofrem por motivos de doença, acidentes, calamidades e morte.
Na concepção da solidariedade social, oferta a pessoas submetidas a graves necessidades. É aquele tipo de assistência socioeconômica que ameniza grupos penalizados pelo desemprego e empobrecimento.
Há solidariedade que se preocupa em promover e manter a convivência fraterna efetiva entre os seres humanos. Ela tem como essência eliminar as causas de desigualdades entre os seres humanos, e não apenas maquiá-las. É a chamada solidariedade estrutural.
É inadmissível aceitar a sociedade esquizofrênica que mantém a coexistência entre a “compaixão” pelas vítimas da pobreza e a acumulação feroz da riqueza. Aqui entra a solidariedade insubmissa que luta para retirar os pobres do cativeiro e inseri-los novamente no tecido social.
Para promover a humanização do mundo, é imprescindível estabelecer articulação entre direitos humanos e solidariedade. A nova solidariedade, profundamente centrada nos direitos humanos, coloca em evidência a justiça coerente no ápice da sociedade.
A solidariedade autêntica rompe o isolacionismo e busca novos sujeitos para repensar a sociedade. Em nosso tempo, é indispensável articular intelectuais, educadores, jornalistas, artistas, estudantes, religiosos, políticos honestos, líderes populares e muitos outros, para promover mudanças sociais práticas e provocar a certeza da construção de uma nova sociedade. A solidariedade transformadora aglutina utópicos e obstinados para concretizar o projeto da nova humanidade.
Luiz Carlos Rodrigues da Silva, filósofo e historiador, membro da Arcádia Barra-Cordense e da Academia Barra-Cordense de Letras.
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