14 maio, 2025

José Reinaldo Tavares não vê reconciliação entre Carlos Brandão e Flávio Dino

“Não há retorno”, declarou o ex-governador José Reinaldo Tavares em entrevista ao jornal O Imparcial sobre o distanciamento que separa o governador Carlos Brandão (PSB) do ministro Flávio Dino (STF). Pronunciada quase em tom de sentença, a avaliação do experiente político – que apoiou o governador desde os seus primeiros passos na política, e foi também um dos responsáveis pela primeira eleição do ministro, para a Câmara Federal, em 2026 – caiu como uma bomba dentro e fora da base governista, desenhando o que alguns enxergam como “tempestade perfeita”. José Reinaldo Tavares acredita Carlos Brandão renunciará para ser candidato ao Senado, prevendo a possibilidade de essa candidatura ser apoiada pelo presidente Lula da Silva (PT). Ao mesmo tempo, praticamente descarta o apoio do governador à candidatura do vice-governador Felipe Camarão (PT) ao Governo. E fez uma ressalva ao afirmar que não sabe o que Carlos Brandão está planejando. “Ele nunca me chamou para conversar sobre política”, revelou.

Se a impressão do ex-governador, que atualmente é secretário de Projetos Especiais do Governo do Estado, se confirmar, o Maranhão assistirá uma movimentação política só comparada à situação que ele próprio protagonizou em 2006, quando rompeu com o sarneysismo e deu sustentação total ao movimento que resultou na eleição de Jackson Lago (PDT), derrotando Roseana Sarney (MDB), pleito no qual Flávio Dino (PCdoB) e Carlos Brandão (PSDB) foram eleitos deputados federais. José Reinaldo Tavares conhece bem o governador e o ministro, o que lhe dá autoridade para cantar a pedra de que a amizade pessoal e política não será refeita.

Provavelmente por não estar “por dentro”, a análise do ex-governador tem alguns pontos que não fecham muito bem. Ele afirma não enxergar Carlos Brandão apoiando a candidatura de Felipe Camarão, mas, ao mesmo tempo, diz acreditar que o governador sairá para ser candidato a senador, podendo ter o apoio do presidente Lula da Silva (PT). Mas como é possível imaginar que o presidente da República apoiará um candidato a senador que não dará apoio ao candidato do PT a governador? O argumento de que o presidente Lula da Silva vai precisar de senadores é válido, mas ninguém duvida de que o presidente quer também, e muito, um petista no comando do Governo do Maranhão.

A entrevista do ex-governador José Reinaldo Tavares dá bem a medida das incertezas que dominam a seara política neste momento em relação às eleições majoritárias de 2026. Neste instante, o distanciamento cada vez maior entre governador Carlos Brandão e o vice-governador Felipe Camarão, na esteira do rompimento do primeiro com o ministro Flávio Dino, tira a corrida sucessória da previsibilidade e a mergulha numa ampla malha de incertezas. A declaração de José Reinaldo Tavares de que não sabe o que Carlos Brandão está planejando reforça a manta de dúvidas quanto ao desfecho da crise, e indica que não pode mesmo não haver caminho para a conciliação. As sinalizações de ambos os lados reforçam a impressão de que, ao invés de motivar a reaproximação, têm contribuído fortemente para ampliar a distância entre dinistas e brandonistas.

Mesmo não sabendo o que planeja o governador Carlos Brandão e nem ter sido chamado para conversar sobre o cenário político, o ex-governador José Reinaldo Tavares é um homem público de larga experiência e conhecedor profundo do tabuleiro político do Maranhão, em especial os movimentos envolvendo o governador Carlos Brandão e o ministro Flávio Dino. Isso quer dizer que ele sabe o que diz quando prevê que o afastamento dos dois não tem retorno. Ao mesmo tempo, vale lembrar que, de todas as atividades humanas, a política é certamente a mais imprevisível. Ela permite que, se não há espaço para uma recomposição integral, ela deixa sempre uma brecha para que uma aliança possa ser recomposta por um grande acordo. Afinal, ele se reconciliou com Roseana Sarney. Do Repórte Tempo

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